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Alemães põem espanhóis de quatro e ficam perto de final inédita

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24 horas depois do massacre bávaro pra cima do Barça foi a vez de o Dortmund enfiar a salsicha com mostarda preta no lombo merengue. Foi um passeio, uma verdadeira aula de futebol, que só não terminou com o mesmo placar do dia anterior por conta de uma infelicidade do ótimo zagueiro Hummels, que atrasou bisonhamente a bola pro goleiro Weindenfeller e deu a Higuaín e Cristiano a chance de fazer o gol solitário do Real, mas que dificilmente servirá pra reverter a desclassificação iminente. É claro que milagres acontecem. Mas não acredito, mesmo, que será o caso nos dois jogos da semana que vem. Pra mim, tanto Barça quanto Real já dançaram.

Na história da Champions League, nunca o primeiro verso do hino germânico, “Deutschland, Deutschland über alles” (Alemanha, Alemanha acima de tudo), esteve tão próximo de se tornar realidade. Faz pelo menos uns quatro anos que digo que o futebol alemão caminhava a passos largos pra se tornar o maior de todo o planeta. Quem me acompanha e conhece sabe. Da mesma forma, há no mínimo três temporadas venho batendo na tecla de que o Dortmund é o time mais legal de se ver jogar no mundo inteiro. Sua proposta ofensiva, com meias extremamente habilidosos, volantes e laterais que saem pro jogo e defendem com a mesma competência e um centro-avante de exceção me encanta desde os tempos em que Kagawa dava plantão por ali. O japa saiu, mas logo o mago Jürgen de Almeida Klopp sacou de sua cartola o excelente Mario Götze, que agora vai dar show com a camisa do Bayern, e foi buscar o ótimo Marco Reus no xará de Gladbach. E tudo isso gastando bem menos do que o atropelado Real Madrid gastou pra contratar o Pepe. Risos!

Como se vê, não é só dentro de campo que os alemães vêm dominando. Fora dele, também. Por lá, o tal fair play financeiro já existe há muito tempo. E funciona. Os clubes estão acostumados a não gastar mais do que podem, muito menos investem zilhões de euros em jogadores. Em vez disso, preferem as tais contratações pontuais, feitas por meio de olheiros espalhados pelos quatro cantos do mundo, com habilidade para pescar verdadeiros salmões a preço de sardinha, e, principalmente, cuidar das categorias de base. É difícil encontrar por lá um só time que não seja formado por vários pratas da casa e jovens talentos vindos do leste europeu, África e Ásia. Agora, tudo isso é trabalho de longo prazo. Não foi do dia pra noite que chegaram a esse ponto. E é justamente aí que eles se diferenciam de todo o restante do mundo. A paciência, a perseverança e a capacidade de executar do jeito como se planejou são as características mais marcantes daquela gente.

Pra entender bem o que se passa com eles, hoje, é preciso voltar a 2004, quando a seleção alemã, então às vésperas de ser a anfitriã da Copa de 2006, foi escorraçada da Euro de Portugal ainda na primeira fase. Ao contrário daqui, onde nem mesmo o fato de estarmos colecionando fracassos sucessivos, como, por exemplo, não conseguir vencer uma partida contra um rival da elite mundial há anos, lá eles trataram logo de dar um jeito na situação, pois, como qualquer país com o mínimo de vergonha na cara, temiam que uma nova humilhação lhes fosse imposta, dessa vez, dentro da própria casa. Foi a partir daí que começou a reconstrução. Klinsmman, o treinador da época, aproveitando –  e não reclamando – que não precisava passar por eliminatórias, começou a deixar de fora alguns medalhões  do time. Para os seus lugares começaram a ser chamadas muitas caras novas, algumas vindas das seleções sub-21 e sub-23. O tempo era pouco, portanto era preciso otimizá-lo. Porém, em vez de testes e mais testes, procurou-se achar logo um time-base, o qual, com quase nenhuma modificação, disputou Copa do Mundo, terminando-a em terceiro lugar, sendo eliminado na semi-final pela Itália, que viria a conquistar o título, apenas na prorrogação.

Mas não ficou por aí. O trabalho não se limitou à seleção. Houve uma ação conjunta com os clubes, que, como já dito, passaram a investir mais na formação e menos na contratação de jogadores, e também com a federação e a Bundesliga, a Liga Alemã de Futebol, que somaram forças pra fazer do campeonato nacional o de maior sucesso de público do mundo, com quase 100% de lotação em todas as rodadas, inclusive nas séries B e C. Mas essa nem foi a parte mais difícil, visto que o Alemaozão há anos já era bombado pra cacete. Entre 96 e 99, quando moerei por lá, era raríssimo o estádio não estar pelo menos 90% lotado. Isso em qualquer partida, por menos significante que fosse. Os alemães não só gostam muito mais de futebol do que nós, como também curtem mais ir aos jogos. Além disso, dentre outras iniciativas, parte da grana que vem dos patrocinadores é usada para financiar ingressos mais baratos, o que evita que ocorra lá o mesmo processo de elitização observado na Premier League inglesa, por exemplo. De novo, muito diferente do que se vê aqui, onde chega a ser mais caro assistir a Flamengo x Audax em Moça Bonita do que um jogo do Bayern, do Borussia ou do meu querido e simpático Freiburg, o gigante de Breisgau, em estádios modernos, confortáveis e cujas coberturas não ameaçam desabar sobre as cabeças dos torcedores.

Os resultados não demoraram muito a aparecer. Apenas cinco anos após o início da reformulação, graças à performance dos times no principal torneio do continente, os germânicos conseguiram roubar uma vaga da Itália, algo inimaginável até bem pouco tempo atrás. E, repito, tudo isso gastando bem menos do que qualquer um dos gigantes da Bota. De novo, planejamento e execução. Os caras são pica!

Por tudo isso e muito mais que afirmo, sem medo de errar, que a Alemanha é o melhor país do mundo. Vivi dois anos bastante felizes por lá e sonho com o dia em que vou voltar. Até lá, contentarei-me em acompanhar à distância o seu campeonato e o desempenho de seus times na Champions e em qualquer outro torneio que disputem ao mesmo tempo em que torcerei pra que nós um dia deixemos de lado essa nossa arrogância de Terceiro Mundo e reconheçamos que já passou da hora de aprendermos com quem sabe de verdade.

Abraços,

Tatu

 

 

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